Avanço do mar na praia da Baleia, em Itapipoca
Legenda: Erosão costeira na Praia da Baleia, em Itapipoca, em 2024, mostrando faixa de praia estreita e ocupações muito próximas à linha de costa Foto: Cientista Chefe Meio Ambiente/Planejamento Espacial Ambiental (2024)

Todos os municípios do litoral cearense têm algum trecho impactado negativamente pelo avanço do mar. 5u4c4d

Embora a erosão seja um fenômeno natural, recebe influência direta das mudanças climáticas e de atividades humanas na infraestrutura costeira. O processo atinge as localidades de diferentes formas e, em algumas praias, já corroeu mais de 80 metros da linha de costa, o equivalente a um prédio de 25 andares.

As informações são do Plano de Ações de Contingência para Processos de Erosão Costeira do Ceará (PCEC), produto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) e documento-base para o gerenciamento de riscos e impactos costeiros no Estado.

Os pesquisadores avaliaram mais de 500 pontos do litoral a partir de imagens de satélite, entre os anos de 2016 e 2024, e constataram quase metade da costa comprometida pela erosão. O processo implica na perda de sedimentos, como areia, rochas e minerais, e torna o ambiente mais vulnerável a ondas, ventos e marés.

O indicador utilizado no estudo foi a taxa de regressão linear (LRR), que aponta uma variação em metros por ano da linha de costa. Esse traçado separa a terra do mar e representa a fronteira entre os dois elementos. Para a classificação, foram consideradas quatro categorias:

  • Erosão crítica: perdas acima de -1 m/ano
  • Erosão: perdas entre -0,5 e -1 m/ano
  • Estabilidade: taxas entre -0,5 e 0,5 m/ano
  • Progradação: ganhos acima de 0,5 m/ano

O método permite visualizar ciclos e tendências erosivas ou de crescimento de praias, através de uma taxa de variação anual positiva ou negativa, e pode servir como parâmetro para a projeção de cenários.

 

Erosão costeira na praia de Canoa Quebrada, Aracati, em 2024, mostrando uma estreita faixa de areia onde estão posicionadas as barracas de praia e, ao fundo, a vila de Canoa Quebrada
Legenda: Vista de drone de um trecho da praia de Canoa Quebrada, com barracas ocupando uma estreita faixa de areia Foto: Cientista Chefe Meio Ambiente/Planejamento Espacial Ambiental (2024)

Davis de Paula, doutor em Ciências do Mar, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e membro da equipe técnica do estudo, explica que, quando se fala em recuo da linha de costa, é preciso entender que o indicador é “móvel e dinâmico” e deve ser avaliado a longo prazo.

“Nossas praias diariamente sofrem alterações. No Ceará, duas vezes ao dia, você tem maré cheia, e a linha de costa pode ser alterada. Ela pode ir mais para o continente ou regressar em direção ao mar. É uma variação normal”, ressalta.

 

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municípios costeiros do Ceará ficam defronte ao mar e tiveram pontos de análise da evolução da linha de costa.

 

O conflito ocorre quando o mar avança e a linha de costa recua em direção às áreas urbanas. Em parte da costa cearense, percebe ele, há dois processos simultâneos: o desejo de desenvolvimento econômico potencializa a ocupação cada vez mais próxima da linha de costa e, do outro, ela recua e entra em atrito.

“Somada aos elementos naturais, você tem a falta de planejamento de ocupação da costa, fazendo com que sistemas de proteção natural sejam destruídos, como as dunas frontais. Elas deveriam exercer o papel de estrutura verde de proteção, mas, na maior parte do tempo, são destruídas para a construção de residências e equipamentos turísticos”, analisa.

 

 

 

Diário do Nordeste

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