33u21

O Padre Ibiapina tinha 46 anos quando decidiu trocar a carreira no Direito para virar sacerdote católico. Isso aconteceu no século XIX. E Ibiapina não mudou apenas a vida dele, mas também as de milhares de pessoas que o conheceram. Mudou para melhor.
Depois de ter sido professor, político, juiz e advogado, José Antônio de Maria Ibiapina tornou-se padre e decidiu andar pelo Nordeste organizando mutirões. Ele acreditava que religião e fé precisavam de caridade. Era necessário fazer algo pelo povo pobre.
Em Jamacaru, zona rural de Missão Velha, por exemplo, ainda há o açude construído em meados de 1800 em mutirão organizado pelo Padre Ibiapina. E nunca secou. É o que garantem o padre Vileci Basílio Vidal e a agricultora Antônia Oliveira Ismael, presidente da associação de pequenos produtores rurais do distrito.
“Foi modelo de professor e de juiz, porque não se curvou ao poder, depois atuou como deputado, sempre discreto, porém firme. Depois foi advogar para os pobres. Até que resolveu então se dedicar ao sacerdócio”, conta o juiz de Direito Flávio Morais, que trabalha no fórum do Crato e tornou-se magistrado inspirado no padre.
Ele escreveu dois livros sobre o agora venerável, título dado pelo Vaticano semana ada: “A Sombra do Laço” e “Padre Ibiapina: histórias maravilhosas”.
“Como eu gostaria de ter conhecido o Padre Ibiapina”, diz a aposentada Maria Silva, moradora de Jamacaru.
Em quem não gostaria, dona Maria?
Padre Ibiapina é capaz de fazer falta até para quem nem sabia da existência dele. A gente logo percebe como ele fez diferença quando conhece esse exemplo de fé na prática: a caridade.
Lembrando que foi também modelo de coragem. Isso ele teve de sobra para deixar a vida nos escritórios e andar pelo Sertão enfrentando o desconhecido. Além de tudo isso, é uma inspiração para todos que se acham velhos demais para começar a ser protagonista da própria aventura.
Diário do Nordeste